Abaixo do Estreito de Gibraltar existe uma zona de subducção que se pensava estar inativa. No entanto, um novo estudo apontou que ela está ativa e avançando para o oeste, em direção ao Oceano Atlântico, podendo formar um novo "Anel de Fogo" que pode fazer com que o oceano se feche lentamente. Mas como será essa formação?
Em um estudo publicado recentemente na revista Geology, um grupo de pesquisadores apontou que o arco está apenas em momento de calmaria, que durará mais cerca de 20 milhões de anos. Depois disso, a trincheira de Gibraltar retomará o seu avanço e poderá invadir o Atlântico, num processo chamado de "invasão de subducção".
O Oceano Atlântico já abriga outras zonas de subducção, uma é a zona das Pequenas Antilhas, no Caribe e a outra o arco da Escócia, perto da Antártida, ambas invadiram o oceano há milhares de anos e não se sabe muito bem como se deu o processo. Com a investigação da trincheira de Gibraltar, os pesquisadores podem observar como essas formações acontecem ainda em sua fase inicial.
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Para descobrir o status de atividade do Arco de Gibraltar, os pesquisadores construíram um modelo computacional capaz de simular a evolução da zona de subducção desde quando ela surgiu no Oligoceno, entre 34 e 23 milhões de anos até atualmente. A partir dessas observações, a equipe modelou os próximos 40 milhões de anos.
Com isso, descobriu-se que, apesar do arco ter um declínio abrupto na velocidade com que se movia em direção ao Atlântico há cerca de 5 milhões de anos, ele abrirá caminho lentamente através do Estreito de Gibraltar durante os próximos 20 milhões de anos.
Surpreendentemente, após este ponto, o recuo da trincheira acelera lentamente e a zona de subducção alarga-se e propaga-se em direção ao oceano.
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Caso o arco de Gibraltar chegue ao Oceano Atlântico, juntando-se às outras zonas de subducção, ele pode formar um sistema de subducção semelhante ao que circunda o Oceano Pacifico, o Anel de Fogo. Essa formação poderia reciclar a crosta oceânica atlântica em ambos os lados do oceano, ao mesmo tempo que vai o fechando e engolindo.
No estudo, também foi apontado que a estagnação do avanço da zona de subducção nos últimos 5 milhões de anos, pode ter sido o responsável por não ocorrer tantos abalos sísmicos ou atividades vulcânicas na região de Gibraltar.
Se o movimento ao longo da interface de subducção fosse pequeno, a acumulação da tensão sísmica seria lenta e poderia levar centenas de anos a acumular-se. Isso está de acordo com o longo período de recorrência estimado para grandes terremotos na região.
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Fonte: Olhardigital