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Violência no Líbano reflete cansaço com Estado que parece existir menos a cada dia

Por Redação em 15/10/2021 às 04:45:13

Isso não tem a ver com os libaneses -ou os árabes e muçulmanos- serem propensos à violência. Essa é uma horrível fantasia orientalista. A expectativa de que o país afunde em uma espiral de embates está relacionada à crise social e econômica vivida no país, onde o Estado parece existir menos a cada dia. Quando o governo existe, aliás, é como se estivesse contra os seus cidadãos.

Beirute tem personificado a expressão árabe "madfun bi-l-haya" ou "enterrado pela vida". Refugiados sírios cogitam voltar ao país vizinho, destruído por uma guerra, onde enxergam mais oportunidades -o que indica o quão infernal é o cotidiano na capital libanesa. Há um desgosto generalizado contra um sistema político que claramente não funciona, fomentando protestos e arroubos de violência.

Corrupto, ineficaz e falido, o governo não consegue mais prover eletricidade para a população, obrigada a gastar seus salários para pagar a máfia de geradores de energia. Ainda assim, apenas conseguem ter luz por algumas horas ao dia.

Sem eletricidade para carregar computadores e celulares, não conseguem trabalhar a distância. Tampouco têm internet. É impossível manter uma geladeira funcionando, o que obriga as pessoas a adaptar a dieta a refeições imperecíveis ou a encomendar a cara comida por entrega. As contas, é claro, já são impagáveis.

Os culpados estão claros: a classe política que sequestrou o país. Já há anos o Líbano basicamente toma empréstimos para pagar empréstimos, acumulando uma dívida descontrolada.

A moeda libanesa se desvalorizou a um ritmo alucinado, o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu e metade da população vive hoje abaixo da linha da pobreza. Segundo um relatório recente do Banco Mundial, o Líbano pode passar pela pior crise econômica do mundo desde o século 19.

Nesse contexto, a explosão no porto de Beirute no ano passado pode parecer um golpe inclemente de um destino já pouco generoso. Como disse a premiada escritora libanesa Hoda Barakat em uma entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, é como se Beirute fosse regida por um planeta cruel.

Mas aquele desastre, que deixou 200 mortos e destruiu partes da cidade, não é má sorte. É político. Foi justamente a corrupta classe política que permitiu o estoque de explosivos no porto por onde passam os grãos que alimentam a população. Como a Justiça ainda não puniu os responsáveis pela explosão, a população tem ido às ruas protestar e pedir uma reforma política.

A manifestação desta quinta-feira tinha sido convocada pela facção xiita Hizbullah, considerada terrorista por países como os Estados Unidos e Israel. O grupo diz que as investigações sobre o desastre no porto são enviesadas para condená-lo e pede que o juiz responsável seja afastado.

Agravando uma situação já bastante volátil, o Hizbullah acusa a facção cristã Forças Libanesas pelo tiroteio. Que diferentes comunidades religiosas estejam posicionadas em lados opostos é imensamente preocupante -o Líbano viveu uma guerra civil entre 1975 e 1990.

O ex-primeiro-ministro Saad al-Hariri evocou esse cenário ao criticar, em uma rede social, a violência. "O que aconteceu hoje nos trouxe de volta à memória as imagens da guerra civil", escreveu.

Analistas políticos também apontaram nos tiroteios de quinta-feira um sinal de que a população está cansada da interferência do Hizbullah em sua política. A facção, que se apresenta como um movimento de resistência, tem se tornado cada vez mais o sinônimo das estruturas do Estado.

Sempre parece ser cedo demais para falar que existe o risco de o país viver outro embate sistemático, como o dos anos 1970. É necessário ter cautela, não ser alarmista. Mas é difícil ignorar, por outro lado, o quanto a situação tem piorado.

O tiroteio desta quinta-feira, ademais, aconteceu justamente em uma das linhas que separava cristãos de muçulmanos na guerra civil.

Com esse cenário tão pessimista, os libaneses ainda conseguiram encontrar algum alento em seu humor, durante o dia. Circulava nas redes sociais um vídeo dos tiroteios. Homens armados disparavam de trás de um muro. Enquanto isso, um senhor passava por eles, indiferente, fumando o seu cigarro. Parecia ser a imagem essencial de um país que tem sobrevivido a tudo.

Fonte: Notícias ao minuto

Tags:   Mundo
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