Autoridades americanas se mostram alarmadas com o rápido avanço das capacidades tecnológicas espaciais da China. No ritmo que está, o país asiático representa uma ameaça real à longa hegemonia dos EUA no ramo.
Esse domínio norte-americano foi estabelecido com o pouso da missão Apollo 11, da NASA, na Lua, em 1969, encerrando a corrida espacial da Guerra Fria com a União Soviética (URSS).
Desde então, os EUA mantêm uma vantagem considerável em recursos espaciais. Esses recursos são fundamentais para a soberania militar do país, oferecendo capacidades de coleta de informações e comunicações a que nenhuma outra nação tem acesso – pelo menos, por enquanto.
No entanto, a ascensão da China no cenário espacial preocupa as autoridades americanas, que reconhecem um aumento significativo na atividade espacial chinesa nos últimos anos.
Em uma palestra durante o 39º Simpósio Espacial, realizado no Broadmoor and Cheyenne Mountain Resort, no Colorado, o General Stephen Whiting, comandante da Força Espacial dos EUA (USSF), destacou que a China triplicou seus satélites de inteligência, vigilância e reconhecimento desde 2018 e estabeleu uma rede de sistemas para detectar e neutralizar as capacidades militares dos EUA e de seus aliados no Oceano Pacífico.
"E com esses sistemas, eles construíram uma teia da morte sobre o Pacífico", disse Whiting, acrescentando ainda que a China desenvolveu uma variedade de armas antissatélite (ASAT), incluindo bloqueios reversíveis e espaçonaves cinéticas de ascensão direta e coorbitais.
Com "teia de morte", Whiting se refere a "uma rede dinâmica que integra perfeitamente capacidades de inteligência e guerra em vários domínios, incluindo terra, mar, ar, espaço e ciberespaço", de acordo com o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA.
Uma demonstração de tecnologia ASAT pela China em 2007, quando destruiu um de seus próprios satélites meteorológicos, gerou preocupações internacionais devido à produção de detritos espaciais. Para Whiting, essas ações indicam que a China está tratando o espaço como um novo campo de batalha, assim como a Rússia, que também demonstrou atividade ASAT recentemente.
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Troy Meink, vice-diretor sênior do Escritório Nacional de Reconhecimento dos EUA, ressaltou a importância de admitir a ameaça à liderança dos EUA no espaço. Ele enfatizou a necessidade de inovação e resiliência nos satélites de reconhecimento, bem como a diversificação das capacidades espaciais do país.
Heidi Shyu, subsecretária de Defesa para Pesquisa e Engenharia, destacou a importância de aumentar a resiliência espacial, sugerindo a incorporação de tecnologias avançadas e a cooperação com os aliados para garantir a segurança no espaço.
Whiting lembrou que a União Soviética liderou os estágios iniciais da corrida espacial em 1957, gerando uma crise de confiança nos EUA, que mesmo assim conseguiram ultrapassar o concorrente da época.
As autoridades americanas enfatizam que uma guerra no espaço seria prejudicial para todas as partes envolvidas. Portanto, é crucial para os EUA agirem com inovação e cooperação internacional para enfrentar os desafios apresentados pela crescente influência espacial da China e da Rússia.
Essa dinâmica competitiva está levando a um aumento nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias espaciais, bem como em estratégias de segurança e defesa para proteger os interesses nacionais no espaço.
Além disso, o espaço está se tornando cada vez mais importante para uma ampla gama de atividades civis e comerciais, incluindo comunicações, navegação, monitoramento ambiental e exploração de recursos. Portanto, o domínio do espaço não é apenas uma questão militar, mas também tem implicações significativas para a economia global e a segurança energética.
Nesse contexto, é essencial que os EUA e outras potências espaciais trabalhem em conjunto para desenvolver normas e regulamentações internacionais que garantam o uso pacífico e sustentável do espaço.
Fonte: Olhardigital