Um grupo de pesquisadores que investigava a origem dos anéis de Urano descobriu que as cinco maiores luas do planeta podem ser os fatores responsáveis por controlar o tamanho desses aros, ejetando grandes quantidades de poeira do sistema uraniano.
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Segundo a nova abordagem, disponível no servidor de pré-impressão ArXiv, se tivessem se formado com a colisão que “tombou” Urano, os anéis já teriam se dissipado. Para entender a situação, os autores simularam as interações entre as luas e os anéis do planeta.
De acordo com a pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade da Califórnia, em Riverside, as interações são mais intensas quando as luas estão em “ressonâncias de movimento médio” com os anéis.
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Uma ressonância de movimento médio (ou ressonância gravitacional) entre dois objetos em órbita ocorre quando o período orbital do corpo externo é um número inteiro maior do que o do corpo interno.
Se uma lua dá uma volta em torno de Urano para cada duas órbitas completadas pelas partículas de um anel a uma certa distância do planeta, esses objetos ficam em ressonância gravitacional. Essa dinâmica, segundo o estudo, pode levar o material do anel para fora do sistema, restringindo o tamanho do sistema anelar de Urano e “atrofiando” essas estruturas.
São as ressonâncias com as duas grandes luas mais internas de Urano (Miranda, de 480 quilômetros de largura, e Ariel, de 1.160 km) que exercem a maior influência, limitando severamente os anéis a uma distância de 109.000 km (pouco mais de quatro vezes o raio do planeta).
Acredita-se que no passado os anéis de Urano possam ter sido muito maiores, no entanto, eles foram diminuindo à medida que a ressonância gravitacional das luas mutilava o material que os compunham. O fato de ainda existirem sugere que eles estão sendo reabastecidos por várias fontes de poeira, como, principalmente, impactos de menores e maiores proporções nos satélites naturais do planeta e a emissão de gases por criovulcanismo nessas luas.
Outro estudo da mesma equipe, publicado em 2022, demonstrou que os anéis de Júpiter e suas luas Io, Europa, Ganimedes e Calisto têm uma relação semelhante.
Esses cenários (tanto em Urano quanto em Júpiter) ainda são apenas modelagens teóricas, mas, conforme destaca o site Space.com, missões enviadas futuramente aos planetas podem confirmar a hipótese e até medir a massa do material perdido dos anéis.
Fonte: Olhardigital