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EVs e "nostalgia": como a Volkswagen planeja crescer nos EUA

Fundada durante a Alemanha Nazista, a Volkswagen é uma das maiores montadoras do mundo.

Por Adeilson em 22/02/2024 às 04:03:09

Fundada durante a Alemanha Nazista, a Volkswagen é uma das maiores montadoras do mundo. Dois de seus veículos mais populares em todo o planeta são a Kombi e o Fusca (chamados nos EUA, respectivamente, de Microbus e Beetle).

Nos EUA, a marca vem tentando se reinventar após áureos anos. Por exemplo, o Fusca já foi o importado mais vendido por lá, enquanto, na década de 1960, a Kombi foi a marca registrada do movimento hippie. Agora, essa nostalgia toda está sendo trazida de volta pela alemã aos estadunidenses, porém, modernizada.

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Isso porque a VW está cada vez mais no hype elétrico: a montadora é a segunda globalmente falando, perdendo apenas para a Toyota, mas é apenas um nicho nos EUA. Sendo assim, a marca está tentando reviver sua glória por lá após recriar a Kombi como o elétrico ID.Buzz e revivendo a marca Scout, que contará com picapes elétricas e veículos utilitários esportivos.

Segundo o The New York Times, na semana passada, a Volkswagen inaugurou, em Columbia, Carolina do Sul, o espaço de sua nova fábrica que fabricará os veículos da linha Scout pela primeira vez desde os idos anos de 1980.

Estrangeira tentando recuperar terreno em solo estadunidense

  • A VW é uma das várias montadoras estrangeiras que vê nos EVs e a revolta que vêm causando como forma de disputar com os players dominates no mercado dos EUA;
  • A companhia, dona de Audi, Porsche, Bentley e Lamborghini, quer, ao menos, dobrar sua participação no mercado local até o fim desta década;
  • Atualmente, sua fatia de participação é de apenas 4%.

"Este mercado está se tornando elétrico e todo mundo está começando do zero. Esta é nossa oportunidade única de crescer", disse Arno Antlitz, diretor financeiro da Volkswagen, em entrevista ao NYT.

Nos EUA, o mercado de elétricos só cresce. Além de termos a Tesla por lá (apesar de ser estadunidense), a atual segunda colocada em vendas no mundo todo (perdendo apenas para a chinesa BYD), entre as estrangeiras que por lá operam, as SUVs e sedãs elétricos ajudaram a Hyundai e sua irmã Kia a ultrapassar a Stellantis, dona de Jeep, Dodge, Chrysler e Ram, para se tornar a quarta maior montadora em vendas nos EUA no ano passado.

"Os veículos elétricos estão ajudando nossa marca a ser vista como líder tecnológica", disse José Muñoz, COO da Hyundai. Eles também atraem clientes mais instruídos e ricos em relação ao público dos veículos a gasolina da sul-coreana, afirmou Muñoz ao NYT.

Além disso, as empresas que dominam mercado elétrico nos EUA não são necessariamente as mesmas do mercado geral estadunidense.

Fusca (esq) e Kombi (dir) foram famosos nos EUA e em boa parte do mundo, inclusive no Brasil (Imagem: Karasev Viktor/Shutterstock)

As cinco empresas que mais vendem veículos em geral nos EUA são General Motors (GM), Toyota, Ford, Hyundai e Stellantis. Já entre os EVs, a Tesla tem larga vantagem para suas concorrentes, seguida por Hyundai, GM, Ford e Volkswagen. A Toyota, por sua vez, não tem muita vez nesse nicho.

"Só porque você já existe há 120 anos não significa que terá algo neste novo mercado", disse Steven Center, diretor de operações da Kia America.

Mais uma estrangeira que tenta galgar espaço com a "virada de mesa" provocada pelos elétricos é a Volvo. A sueca, majoritariamente controlada pelo grupo chinês Geely Holding, obteve 26% de aumento em vedas nos EUA em 2023.

Contudo, boa parte deste crescimento se deu pelos híbridos, que possuem motor a gasolina e conseguem viajar a distâncias menores com baterias. Apesar disso, Mike Cottone, presidente da Volvo Car para os EUA e Canadá, apontou que os híbridos são via de acesso aos EVs.

Mais para o fim de 2024, a companhia começará a vender a compacta SUV 100% elétrica e fabricada por chineses, a EX30. Os preços começarão em US$ 35 mil (R$ 172,7 mil, na conversão direta).

Ela também vai entregar a EX90, SUV de sete lugares feita na Carolina do Sul, essa com preço inicial de cerca de US$ 80 mil (R$ 394,92 mil). Especialmente para clientes que adquirirem carros de luxo, disse Cottone, "há muito espaço para crescer no segmento EV nos próximos anos".

Volkswagen nos EUA: agora vai?

Mesmo com o sucesso da Kombi e do Fusca nos EUA, desde os anos 1970, a VW tenta ser um player de maior presença por lá, mas falhou. Especialistas e analistas estão céticos quanto a uma mudança de cenário. "Já vi a Volkswagen almejar esses objetivos antes", afirmou Michelle Krebs, analista executiva na Cox Automotive.

As montadoras já estabelecidas não serão fáceis de se bater, diga-se de passagem. GM e Ford, que são "de casa", também estão investindo pesado em EVs, enquanto a Toyota afirmou que vai começar a produzir uma grande SUV elétrica no Kentucky em 2025.

Krebs, por sua vez, prosseguiu, ao apontar que a venda de veículos nos EUA crescem devagar, tornando a busca por mais espaço neste mercado, em sua maioria, um jogo sem somatória. "Há um pouco de crescimento que todos estão buscando", destacou.

Escândalo passado

A última grande tentativa da VW em solo estadunidense acabou em escândalo. No fim da década de 2000, a empresa tentou vender veículos com motores movidos a "diesel limpo".

Ela avisou que o combustível, mais usado na Europa, em carros de passageiros, do que nos automóveis dos EUA, era mais amigável ao meio-ambiente do que a gasolina.

Contudo, a campanha acabou em colapso em 2015, quando reguladores dos EUA descobriram que a VW usava um software nesses veículos para enganar testes de emissões. Ou seja, na verdade, os veículos com "diesel limpo" poluíam mais do que camionetes de longo curso.

Apesar disso, nem tudo foi perdido. O escândalo fez com que a Volkswagen investisse mais cedo na tecnologia elétrica e fabricasse automóveis desenhados desde suas "entranhas" até seu último pedaço para rodar com baterias, ao invés das modificações enganosas realizadas nos modelos a gasolina.

Na Europa, as várias marcas elétricas da EV, juntas, venderam mais do que a Tesla, segundo a Schmidt Automotive Research.

Planos atuais

Que está atualmente a cargo de dobrar a participação no mercado da Volkswagen é Pablo Di SI, presidente da Volkswagen Group of America.

Di Si é argentino e afirmou planejar usar a mesma estratégia implementada por ele enquanto administrava as operações da montadora no Brasil. Por aqui, a participação de mercado da alemã cresceu mais de 16%, sendo que, antes, era de 9%.

Você olha para os segmentos que você acha que terão sucesso daqui a dez anos. Quais são suas lacunas no portfólio de produtos? E, então, você começa a adicionar produtos para esses mercados específicos.

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen Group of America, em entrevista ao The New York Times

Segundo Di Si, nos EUA, isso provavelmente vai incluir carros a gasolina e híbridos, além dos EVs. Os planos da VW incluem importar o sedã elétrico ID.7 e a ID.Buzz.

O presidente da VW da América deu a entender que poderemos ter um EV similar ao Fusca (assim como a ID.Buzz e a Kombi). Por lá, a última versão desse icônico veículo foi vendida até meados de 2019.

Área da nova fábrica da Scout (Imagem: Divulgação/Scout Motors)

Fábrica para baterias

A montadora alemã já está construindo uma fábrica, em Ontário (Canadá), para prover baterias às suas fábricas em Chattanooga e Puebla (México), que, juntas, produzem pelo menos 80% de todos os carros vendidos pela VW na América do Norte. O custo dessa fábrica de baterias está orçado em US$ 5 bilhões (R$ 24,68 bilhões).

Esse projeto vai ajudar compradores de Volkswagen, Audi e outras marcas do grupo a se qualificarem para os créditos de taxas federais, que cortam mais de US$ 7,5 mil (R$ 37,02 mil) do valor final de cada EV.

Já os veículos sob a marca Scout preencher uma maior lacuna no portfólio da montadora. Picapes, entre os veículos mais populares entre os estadunidenses. Ao reviver a Scout, primeira de veículos de passageiros a percorrer estradas de terra e ruas urbanas, a VW quer atrair clientes que, geralmente, buscam veículos off-road de marcas locais, como Chevrolet, Ford e Jeep.

Os primeiros Scouts 100% fabricados nos EUA devem chegar ao mercado no fim de 2026. A marca foi herdada pela Volkswagen quando sua subsidiária de camionetes, a Traton, adquiriu a Navistar, uma empresa dos EUA anteriormente conhecida como International Harvester, em 2021.

É possível que os novos Scouts peguem emprestadas partes utilizadas em outros veículos de sua matriarca, segundo executivos, mas o desenho dos carros será diferente dos já existentes, como a SUV ID.4, fabricada em Chattanooga. Os protótipos da Scout devem ser revelados ainda este ano.

Uma participação maior nos EUA é uma "necessidade estratégica", segundo Scott Keogh, CEO da divisão Scout Motors, da VW, em discurso realizado na semana passada na Carolina do Sul.

Gigante nos demais mercados

Fora dos EUA, a Volkswagen segue como uma gigante dos veículos, com 26% de participação no mercado europeu e 15% do chinês. Mas a companhia está sob forte pressão na China, já que as vendas de EV vêm crescendo rapidamente, permitindo que BYD e outras montadoras locais ganhem fatias de mercado que pertenciam às estrangeiras.

Para compensar, a Volkswagen precisa crescer nos EUA. A companhia "quer ter uma pegada global forte", afirmou Keogh, "não uma pegada isolada, a qual está situada em apenas uma região".

Fonte: Olhardigital

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