Oito dos pacientes (9,5%) que usavam a hidroxicloroquina apresentaram modificações em eletrocardiogramas e tiveram que parar de usar a droga. Desses, sete tiveram um agravamento que pode levar à morte súbita.
Segundo os pesquisadores, os dados mostram que o tratamento com 600 mg por dia de hidroxicloroquina associada ao tratamento convencional não representou redução das admissões em UTIs ou mortes no período de sete dias após a entrada no hospital.
A pesquisa não mediu o potencial de diminuição da carga viral nos pacientes, mas os cientistas afirmam que o avaliação de desfechos clínicos, ida para UTI ou morte, é clinicamente mais relevante.
De acordo com os cientistas, a maior parte dos pacientes no estudo tinha um início de "tempestade inflamatória", quadro que ajuda a explicar a mortalidade pela Covid-19. Isso quer dizer que a ação de defesa da pessoa é tão intensa que acaba sendo prejudicial para o próprio corpo.
Drogas que diminuem a carga viral podem ser inadequadas nesse estágio e, por esse motivo, há pesquisas com remédios anti-inflamatórios em curso. Cientistas franceses dizem que, apesar das propriedades de modulação imune da hidroxicloroquina, a droga não apresentou efeito no grupo estudado.
Os cientistas admitem que há uma série de limitações no estudo, como a falta de randomização (a distribuição aleatória dos pacientes em grupos que recebem medicamentos ou placebo, sem que se saiba quem está tomando o quê), o que poderia levar a resultados enviesados.
Décio Diament, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e infectologista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e no Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que o desenho do estudo, que olhou retrospectivamente para dados que já existiam, não traz as melhores evidências científicas.
O especialista afirma que o melhor grau de evidência possível só será alcançado quando um estudo for randomizado, duplo-cego (quando o paciente não sabe o que está tomando e o médico não sabe o que está oferecendo) e com grupo controle.
Fonte: Banda B