Em janeiro de 2024, Noland Arbaugh, que ficou paralisado abaixo dos ombros após grave acidente de mergulho em 2016, protagonizou marco na ciência aplicada à interface cérebro–computador.
Mesmo ciente dos riscos, Arbaugh decidiu participar de estudo inovador que poderia transformar sua vida ao restaurar parte da sua autonomia, permitindo que ele interaja com dispositivos eletrônicos por meio do pensamento.
O Olhar Digital já falou do rapaz aqui, aqui, aqui e aqui. Abaixo, vamos rememorar o caso e ver como Arbaugh está se sentindo atualmente. Ele bateu um papo com a BBC. Veja a seguir.
O implante, desenvolvido pela Neuralink, já não é novidade exclusiva de outras iniciativas similares, mas a associação com o bilionário Elon Musk atraiu atenção especial.
Durante o procedimento, o chip detecta os impulsos elétricos gerados quando o usuário imagina movimentos – como a simples intenção de mover os dedos – e os converte em ações digitais, por exemplo, para movimentar o cursor na tela.
Arbaugh compartilhou com a BBC sua surpresa ao perceber que seus pensamentos efetivamente se traduziam em comandos, possibilitando, inclusive, jogar videogames e partidas de xadrez, algo que, antes, parecia impossível após sua lesão.
“Eu não sabia o que esperar, parecia coisa de filme de ficção científica. Mas ver meus neurônios disparando e controlando o computador foi, sem dúvida, transformador“, afirmou.
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Embora o procedimento tenha sido considerado "marco significativo" por profissionais da área, ele não ocorreu sem contratempos.
Em um episódio, um problema técnico causou a desconexão parcial do implante, deixando Arbaugh sem o controle desejado. Após ajustes realizados por engenheiros, a conexão foi restabelecida e aprimorada, mas o incidente destacou as limitações e os desafios inerentes a essa tecnologia emergente.
A Neuralink, contudo, não é a única empresa investindo em dispositivos que conectam o cérebro à tecnologia. Empresas, como a Synchron, com seu dispositivo Stentrode, estão desenvolvendo soluções menos invasivas, utilizando a veia jugular para acessar as áreas motoras do cérebro, demonstrando a diversidade de abordagens para auxiliar pessoas com deficiências neurológicas.
Apesar de os estudos e os implantes ainda estarem em fases experimentais, Arbaugh se mantém otimista. Em suas conversas com a BBC, ele expressou a esperança de que, futuramente, a tecnologia permita controlar não só computadores, mas, também, cadeiras de rodas ou, até, robôs humanoides, ampliando, significativamente, o leque de possibilidades para pessoas com paralisia.
Com compromisso de participar do estudo por seis anos, o jovem ressalta que sua experiência é apenas o começo. “Estamos aprendendo tanto sobre o cérebro, que o que hoje parece impossível pode se tornar realidade amanhã“, concluiu.
Fonte: Olhardigital