A disputa entre montadoras tradicionais e as marcas chinesas que vêm ganhando espaço no mercado brasileiro ganhou novo capítulo. Segundo o UOL, o foco da discussão é a montagem local de veículos asiáticos, iniciada por empresas, como Caoa Chery, e prevista para marcas, como BYD e GWM, a partir de 2025.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), associação que representa os fabricantes nacionais de veículos, argumenta que, em muitos casos, essa produção não deveria ser considerada “local” por utilizar, predominantemente, componentes importados, sugerindo que esses carros deveriam ser sujeitos a taxação maior.
Os carros produzidos pelas montadoras citadas utilizam regimes conhecidos como Completely Knocked Down (CKD) e Semi Knocked Down (SKD). No CKD, os veículos são montados a partir de peças separadas, como motor, chassi e carroceria, exigindo maior investimento em infraestrutura e ferramentas. Já no SKD, o processo é simplificado, com veículos chegando quase prontos e necessitando apenas de etapas finais de montagem.
Atualmente, a Caoa Chery opera sob o regime CKD, enquanto a BYD começou a montagem em Camaçari (BA) no formato SKD, com planos de nacionalizar 70% de sua produção até 2030. Já a GWM, que inicia sua produção em 2025, promete processo que não seguirá o CKD tradicional, incluindo pintura e montagem de componentes localmente em Iracemápolis (SP).
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Especialistas divergem sobre o impacto de medidas protecionistas. Milad Kalume Neto, consultor da indústria automotiva, destacou ao portal que um aumento de impostos pode proteger empregos e dar mais tempo à indústria nacional para se modernizar. Por outro lado, pode desestimular a competitividade e inovações.
Kalume Neto também avalia que a ofensiva da Anfavea é tentativa de conter o avanço das marcas chinesas, cujos modelos vêm pressionando os preços do mercado local. "Os produtos tecnológicos e competitivos assustaram a indústria, que, agora, busca frear esse movimento", analisou.
Caso a proposta da Anfavea seja aceita, os custos de importação aumentariam, impactando diretamente os preços ao consumidor, especialmente em cenário de dólar elevado. Mesmo assim, GWM e BYD mantêm seus planos de nacionalização. Ambas as empresas afirmam que a previsibilidade é essencial para o planejamento e alertam que um aumento repentino de impostos prejudicaria tanto o setor, quanto os consumidores.
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) também apoia a recomposição dos impostos, mas afirma que a produção em regime CKD/SKD não esteve em pauta nas discussões com o governo.
Enquanto o impasse continua, o futuro da produção local e os preços no mercado brasileiro seguem no centro do debate, refletindo a transformação do setor automotivo em meio a uma crescente disputa global.
A BYD, em nota ao UOL, acusou a Anfavea de tentar frear o avanço tecnológico. "A velha indústria brasileira busca impor barreiras para atrasar o desenvolvimento e as novas tecnologias", afirmou a montadora.
O Olhar Digital também entrou em contato com a BYD, bem como com a GWM e aguarda resposta. Também estamos tentando contato com a Caoa Cherry. Assim que tivermos as respostas, atualizaremos esta reportagem.
Fonte: Olhardigital