O Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 11, elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros do país, a Selic, que agora vai a 12,25% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado, já que cenário econômico do país segue marcado pela pressão inflacionária, câmbio depreciado e incertezas sobre as medidas fiscais.
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Esta foi a última reunião de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central. Em 2025 ele será substituído por Gabriel Galípolo, hoje membro do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
Na terça-feira, 10, o IPCA, o índice oficial de inflação do país, medido pelo IBGE, apontou uma desaceleração nos preços em novembro, com alta de 0,39% – ante alta de 0,56% em outubro. Contudo, em 12 meses, o índice ficou em 4,87%, acima do teto da meta, que é de 4,5%, o que pressiona o Comitê a apertar a política econômica empurrando os juros para cima.
O aperto monetário foi a decisão das duas reuniões anteriores, quando a Selic sofreu aumento de 0,25 ponto percentual (em setembro) e de 0,50 ponto percentual (em novembro).
Além da inflação, o pacote fiscal apresentado no final de novembro pela equipe econômica do governo deve ser considerado para a decisão. O projeto aguarda aprovação no Congresso, após ter sido recebido com pessimismo pelo mercado financeiro, que considerou as medidas propostas insuficientes para um equilíbrio das contas públicas e redução de gastos.
No comunicado da última decisão, em 6 de novembro, o Comitê apontou que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".
O câmbio é outra pressão sobre o Copom. O dólar bateu novo recorde histórico de fechamento na última segunda-feira, 9, cotado a R$ 6,08. A moeda acumula valorização de cerca de 25% em 2024. O comunicado do BC na decisão pelo aumento da Selic em 0,50 p.p. colocava o câmbio entre a conjunção de políticas econômicas externa e interna com impacto inflacionário, apontando para "uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada".
Conta ainda sobre a divisa norte-americana um cenário econômico exterior incerto com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, com ampliação das dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Federal Reserve, Banco Central norte-americano] no país.
Roberto Campos Neto está de saída da presidência do Banco Central. Ele foi indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Agora, será substituído por Gabriel Galípolo, que atualmente é diretor de Política Monetária da instituição e foi o nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo mais alta do BC.
Sua indicação foi recebida com temores do mercado sobre a independência de sua gestão e interferências do governo. Mas o economista afirmou que haverá continuidade da temporada de Selic em alta, que há preocupação com preços e com o bom andamento da política monetária.
Segundo Galípolo, as últimas decisões pelo aumento da taxa básica de juros foi natural e é lógico entender sua continuidade enquanto não se estabilizarem outros fatores dentro e fora do Brasil.
Fonte: ISTO É DINHEIRO