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O divórcio é uma decisão profundamente pessoal, complicada e muitas vezes avassaladora. Para algumas pessoas, ele surge de conflitos intensos; para outras, é o resultado de um afastamento gradual. Um estudo de 2021, publicado no Journal of Marital and Family Therapy, explorou esse processo de decisão e identificou quatro perfis distintos de indivíduos que consideram se divorciar, cada um com maneiras diferentes de lidar com os desafios no matrimônio.
Os "buscadores intensos", que representam cerca de 6% dos participantes, fazem tudo o que podem para tentar salvar o casamento. Eles buscam terapia, leem livros de autoajuda, investem em melhorar a si mesmos e têm conversas abertas e sérias com o cônjuge sobre os problemas da relação.
De acordo com os pesquisadores, esses indivíduos tendem a ser mais jovens, com uma média de idade de 36 anos, e possuem um nível de escolaridade mais alto do que os outros grupos. Eles geralmente começam com uma grande expectativa de que o casamento possa dar certo.
No entanto, mesmo com todos os esforços, esses casais enfrentam grandes dificuldades, como problemas de saúde mental, conflitos constantes, infidelidade, abuso de substâncias ou divergências financeiras e domésticas. Apesar de toda dedicação, muitos acabam se sentindo esgotados e perdendo a esperança ao longo do tempo.
Esse é o grupo com as maiores taxas de divórcio: 15% já estavam divorciados e 20% separados um ano após o início do estudo. Além disso, eles são os mais propensos a falar sobre divórcio com o parceiro, e cerca de 25% relataram pensar frequentemente no assunto. Muitas vezes, o casal não está alinhado – enquanto um quer salvar o casamento, o outro já se decidiu pelo divórcio.
Os "buscadores moderados" representam cerca de 14% dos participantes. Eles começam com algum esforço para melhorar o relacionamento, como buscar conselhos profissionais ou ler sobre o tema, mas, com o tempo, essas tentativas vão diminuindo, especialmente no que diz respeito à terapia de casal.
Esse grupo tem o menor nível de escolaridade entre todos, com 42% dos participantes tendo apenas o ensino médio ou menos. A falta de recursos pode limitar os esforços de reparação do relacionamento.
Além disso, esses casais enfrentam problemas graves, como abuso e traição, e também questões emocionais, como perda do interesse romântico ou desconexão. Apesar disso, eles são menos propensos a se divorciar, muitas vezes por influência de fatores culturais ou religiosos, que os mantêm em casamentos insatisfatórios.
Embora nenhum dos casais desse grupo tenha se divorciado durante o período de um ano, 19% estavam separados, e muitos correm o risco de um divórcio no futuro.
O maior grupo, os "reservados e passivos", corresponde a 42% dos participantes. Eles tendem a manter os problemas conjugais em segredo, raramente buscam ajuda profissional e preferem lidar com as dificuldades de forma privada.
Esses casais fazem alguns esforços, como conversar com o parceiro ou tentar perdoá-lo, mas evitam confrontar os problemas de maneira direta. Como resultado, seus casamentos podem se tornar estagnados.
Esse grupo apresenta menos conflitos graves, mas a falta de conexão e as tentativas limitadas de resolver os problemas fazem com que apenas 35% se sintam satisfeitos por ainda estarem casados. Essa atitude de "evitar o conflito" pode mascarar problemas que, com o tempo, levam ao distanciamento ou até mesmo à separação.
Os "reservados e persistentes" representam 38% dos participantes. Assim como os buscadores reservados e passivos, eles preferem manter as dificuldades conjugais em privado, mas, nesse caso, são muito mais consistentes nos esforços para salvar o casamento.
Eles tomam medidas como ter conversas sérias, tentar resolver os problemas e perdoar o parceiro. Também buscam conselhos em livros ou na internet, mas são menos propensos a procurar ajuda profissional – apenas cerca de 30% recorrem à terapia de casal.
Esse grupo demonstrou grande comprometimento em manter o casamento, sendo o menos propenso a querer o divórcio. No entanto, mesmo com esforços constantes, muitos enfrentam dificuldades moderadas, como problemas de comunicação, afastamento emocional ou desacordos sobre papéis no casamento. Essas questões acabam minando suas tentativas, e eles apresentam a segunda maior taxa de divórcios entre os grupos.
Para quem está considerando o divórcio, buscar ajuda profissional, manter esforços consistentes e ter uma comunicação honesta com o parceiro pode mudar os rumos da relação. No entanto, é igualmente importante reconhecer quando é hora de seguir em frente.
Compreender esses quatro perfis pode ajudar as pessoas a lidar com a situação com mais clareza e autoconhecimento, permitindo escolher entre reparar o relacionamento ou iniciar um novo capítulo. Seja qual for a decisão, ela não precisa ser enfrentada sozinha.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
Fonte: Forbes Brasil