De janeiro a outubro, 20.973 clientes de distribuidoras migraram para o mercado livre de energia, para negociar livremente de quem querem comprar energia elétrica. O dado é do mais novo levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), antecipado para o site IstoÉ Dinheiro.
O total de migrações no ano já é quase três vezes maior do que o verificado em todo o ano de 2023, quando o número de novos consumidores desse mercado somou 7.397.
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Segundo a CCEE, a maioria dos entrantes são pequenas e médias empresas, como padarias, supermercados, farmácias e escritórios, que aderiram a um modelo de contrato varejista. Nesta alternativa, passaram a comprar seu fornecimento de energia de um comercializador que fica responsável por representá-los no mercado e apoiá-los na gestão do dia a dia das operações na Câmara de Comercialização.
Este é o primeiro ano de vigência da abertura desse modelo para consumidores do chamado grupo A, de média e alta tensão, que passaram a ter essa opção, já disponível para as grandes indústrias. No mercado livre, os consumidores podem escolher seu próprio fornecedor, o tipo de fonte da qual quer adquirir energia, e negociar preços e prazos.
“A liberdade de escolha, com o consumidor no centro do negócio, gera mais competitividade, promove a modernização do setor e, consequentemente, pode resultar em uma energia mais barata”, afirma Alexandre Ramos, presidente do Conselho da CCEE.
Para setores e negócios onde a energia representa um custo relevante, a migração gera economias substanciais, que se traduzem em preços mais competitivos
Em média, as empresas que migram para o Mercado Livre de Energia conseguem uma redução entre 25% e 30% nos custos, dependendo do perfil de consumo e das condições de negociação, segundo Juliana Tescaro, sócia-conselheira do Grupo Studio. “A economia varia conforme a região e o tipo de contrato fechado, mas o mercado livre oferece uma vantagem competitiva significativa ao permitir que as empresas escolham seu fornecedor e negociem condições específicas”, diz.
Ela explica que esse tipo de contrato oferece autonomia e previsibilidade nos custos de energia. “Também permite a escolha dos fornecedores com energia de fontes renováveis, priorizando aspectos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental”, destaca Tescato.
Segundo a Studio Energy, o processo de migração leva, em média, de 6 a 8 meses. Primeiramente, a empresa passa por uma análise de viabilidade, onde são examinados perfil de consumo e as oportunidades no mercado. Depois, há a adequação técnica, que envolve instalação de sistemas de medição compatíveis e ajustes nas instalações. A fase seguinte é a contratação, onde são negociados contratos personalizados com fornecedores. Por fim, entra a etapa de gestão, na qual a empresa monitora seu consumo e pode ajustar os contratos conforme suas necessidades.
Os estados do Sudeste e do Sul lideram o ranking de migrações. Os que concentraram o maio número de clientes em 2024 foram São Paulo (6.847), Rio Grande do Sul (2.131) e Rio de Janeiro (1.709) e Paraná (1.588) e Minas Gerais (1.381).
Entre os ramos de atividade, os setores de comércio e serviços lideram o número de clientes, concentrando quase 50% do total de migrações, seguidos por manufaturados e indústria alimentícia. Veja quadro abaixo:
Ramo | 2023 | 2024 |
Serviços | 1927 | 5.569 |
Comércio | 2.449 | 5.043 |
Manufaturados | 564 | 2.419 |
Alimentícios | 756 | 2.359 |
Saneamento | 569 | 1.853 |
Minerais Não-metálicos | 378 | 930 |
Metalurgia e Metal | 171 | 744 |
Têxteis | 74 | 434 |
Papel e Celulose | 78 | 384 |
Químicos | 103 | 296 |
Transportes | 102 | 260 |
Veículos | 65 | 241 |
Telecomunicações | 108 | 193 |
Bebidas | 35 | 126 |
Em apuração | 0 | 91 |
Minerais Metálicos | 18 | 31 |
Total | 7.397 | 20.973 |
Fonte: ISTO É DINHEIRO