No seguimento da escalada de tensões no Oriente Médio, o Irã atacou Israel com 200 mísseis balísticos nesta terça-feira (1), na disputa dos israelenses com o grupo terrorista Hezbollah, que se arrasta há um bom tempo.
Boa parte deles atingiu Tel Aviv e o governo israelense afirmou que duas pessoas se feriram levemente. Foi a primeira vez que o Irã respondeu às ofensivas de Israel. Vale lembrar que os iranianos são os responsáveis pelo financiamento do Hezbollah, apesar de o grupo terrorista operara no Líbano.
Irã e Israel não têm fronteira terrestre. Por isso, um confronto entre ambos só poderia ocorrer pelo ar, com jatos, caças, outras aeronaves e mísseis. Nesse sentido, veja, a seguir, quais são os principais mísseis e caças dos dois países.
Os dados foram compilados pelo g1 e trazem números militares de ambos, com base em levantamento realizado pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) em fevereiro deste ano.
Ao portal, o professor de Relações Internacionais e pesquisador Vitelio Brustolin detalhou os arsenais dessas nações.
Foram destacados dois modelos de mísseis de cada país. Eles conseguem carregar ogivas nucleares. A seguir, confira dados de cada um deles:
A seguir, confira os principais modelos das forças aéreas de Irã e Israel:
Abaixo, confira o poderio bélico de ambos os países, contando tanques de guerra, blindados, navios, etc.:
*contingente dos navios é resultado de somatória de 70 da Marinha e 129 da Guarda Revolucionária iraniana
Ao g1, Brustolin contou que os arsenais aéreos de Israel e Irã possuem diferenças. Os israelenses têm mais tecnologia, enquanto os iranianos têm quantidade maior de equipamentos.
O professor explicou que os caças de Israel são melhores e mais novos que os do Irã, com aeronaves de última geração advindas dos Estados Unidos. Porém, vale salientar que o Irã é o segundo país com mais sanções, perdendo apenas para a Rússia.
Isso significa que a frota iraniana de caças são mais antigos ou obsoletos, como modelos F antigos e os caças SU-22 e SU-24, que pertenciam à antiga União Soviética, desmanchada em 1991, há 33 anos.
Como dito, os modelos de Israel são de última geração, graças sobretudo ao seu maior aliado, os EUA. O caça F-35, por exemplo, foi utilizado primeiro pelos israelenses e é fabricado nos EUA.
Israel controla os céus do Oriente Médio desde a Guerra dos Seis Dias [conflito entre Israel e países árabes em 1967]. O país não tem profundidade territorial, então, precisa ter estratégia em caso de ataque iminente, e a aviação é muito importante para isso.
Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais e pesquisador, em entrevista ao g1
Apesar de todos esses perrengues, o Irã é potência militar no Oriente Médio, com o segundo maior efetivo militar de lá, tendo 610 mil militares na ativa, orçamento militar anual de US$ 44 bilhões (R$ 232,6 bilhões) segundo dados de 2022, potentes mísseis e 13 vezes mais veículos de artilharia e lançadores de mísseis do que Israel, conforme o IISS.
Do lado israelense, de acordo com o IISS, o orçamento militar anual a que tem acesso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é de US$ 19,4 bilhões (R$ 102,5 bilhões) em 2022, além de efetivo de 169,5 mil militares na ativa e 465 mil reservistas, ante 350 mil do Irã.
O alcance da artilharia de Israel e Irã podem ser aumentados, pois os veículos de artilharia, lançadores de mísseis, navios e jatos de ambos podem carregar e lançar seus mísseis.
Brustolin também cravou: “não há nem comparação” entre os sistemas de defesa aéreo dos dois países.
As defesas de Israel são mais avançadas, sendo elas os sistemas Seta, Domo de Ferra e Viga de Ferro. Por sua vez, as do Irã possuem, especialmente, o sistema S300, de médio e curto alcance.
A seguir, confira mais detalhes sobre os contingentes de caças dos dois países, conforme dados do IISS:
Israel tem 340 caças, entre eles:
Já o Irã contém 273 caças, entre eles:
Brustolin afirmou que o Irã não busca guerra aberta contra Israel, pois os israelenses têm cerca de 90 ogivas nucleares, além do fator EUA. As ogivas de Israel podem ser carregadas nos 24 mísseis Jericho 2 que o país possui, conforme dados da IISS.
A instituição afirma ainda que outras formas de levar essas ogivas são por meio de alguns caças F-15 e F-16, além de, supostamente, submarinos da classe Dolphin/Tanin.
Contudo, não são só jatos que o Irã tem. Mesmo com as sanções, o país fabrica drones de alta tecnologia, como o Shahed-136 (usado no ataque a Israel desta terça-feira [1]) e o Mohajer 10, utilizado em agosto do ano passado. Este último tem alcance de 2.000 km, capacidade de viajar por 24 horas e carregar 300 quilos de explosivos.
Brustolin concluiu informando que os iranianos têm programa nuclear avançado, podendo estar prestes a desenvolver sua própria bomba nuclear. Neste âmbito, em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (ONU) indicou que o Irã vinha enriquecendo urânio (principal matéria-prima de ogivas nucleares).
Fonte: Olhardigital