Na tentativa de explicar como os hominídeos se desenvolveram ao longo da sua história natural, a antropologia segue buscando respostas para entender nossa evolução enquanto sociedade. O desafio de encontrar uma teoria que explique nossa evolução comportamental desde a savana africana até as grandes megalópoles modernas segue sem ser superado.
Dentre as teorias mais dominantes que tentam explicar por que somos como somos esta a Teoria (ou hipótese) da Savana, afinal seria possível compreender nossos padrões de comportamento modernos nos baseando nos comportamentos de nossos ancestrais mais antigos?
A Teoria da Savana, também conhecida como Hipótese da Savana, é uma proposta antiga no campo da paleoantropologia que remonta a Lamarck e Darwin, que sugeriram que mudanças ambientais, como a transição de florestas para ambientes mais abertos, desempenharam um papel crucial na evolução dos hominídeos.
Essa hipótese sugere que os antecessores humanos se adaptaram às savanas africanas, ambientes caracterizados por áreas abertas com vegetação esparsa, devido a mudanças ecológicas que forçaram a migração dos hominídeos de florestas densas para áreas mais abertas. Esse ambiente novo e desafiador teria levado ao desenvolvimento do bipedalismo para facilitar a locomoção e a visão em grandes áreas abertas, além de permitir o uso das mãos para manipular ferramentas e alimentos.
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A Teoria da Savana tenta explicar o comportamento humano sugerindo que o ambiente da savana impôs desafios específicos que moldaram as adaptações físicas e comportamentais dos hominídeos. O bipedalismo, por exemplo, teria surgido como uma adaptação para melhorar a locomoção em grandes áreas abertas, permitindo que os hominídeos percorressem longas distâncias em busca de alimentos e evitassem predadores.
Além disso, a savana teria favorecido o uso de ferramentas e o desenvolvimento de habilidades cognitivas, já que os hominídeos precisavam competir por recursos limitados em um ambiente diversificado, tanto em termos de flora quanto de fauna.
Essa teoria também sugere que as pressões seletivas na savana incentivaram o comportamento social cooperativo, à medida que os hominídeos começaram a caçar em grupos e a compartilhar recursos, formando laços sociais mais fortes. Além disso, as savanas podem ter incentivado o desenvolvimento de ferramentas e comportamentos sociais mais cooperativos, aspectos fundamentais para a sobrevivência em um ambiente com recursos dispersos e predadores.
No entanto, no contexto das sociedades modernas, onde a maioria das pessoas vive em ambientes urbanos fechados e densamente povoados, as adaptações que teriam sido vantajosas na savana podem não ser ideais para o bem-estar psicológico e físico. Estudos sugerem que o afastamento dos ambientes naturais pode contribuir para problemas de saúde mental, como estresse e ansiedade, enquanto a falta de espaço aberto e luz solar impacta negativamente a saúde física.
Porém, apesar de ter dominado o campo da antropologia no século XX a hipótese da savana encontrou no XXI um grande desafio para sua comprovação. Estudos recentes revelam que muitos desses primeiros humanos viviam em ambientes mais variados, como florestas e mosaicos de savanas que combinavam áreas arborizadas com zonas abertas. Esses achados indicam que a evolução humana foi influenciada por uma gama mais ampla de condições ambientais do que a teoria tradicional sugeria.
Além disso, o conceito de savana na teoria original foi frequentemente mal interpretado e aplicado de forma imprecisa, o que contribuiu para uma visão distorcida das condições ambientais. A ideia de savanas como grandes campos de grama com pouca vegetação não corresponde adequadamente às evidências atuais.
Em vez disso, as evidências apontam para uma evolução em ambientes mais diversos, onde a vegetação incluía uma mistura de áreas abertas e florestadas. Essa mudança de perspectiva implica que a Teoria da Savana, como foi originalmente concebida, pode não ser suficiente para explicar a complexidade da adaptação humana e a diversidade dos habitats que moldaram a nossa evolução.
Fonte: Olhardigital