HC faz "parceria secreta" com Vai de Bet, empresa acusa de fraudes de mais de R$ 2 bilhões

A prefeitura de Maceió, sob a gestão de João Henrique Caldas (JHC), organizou em 2024 dois dos maiores eventos culturais da cidade: o Massayó Verão e o São João Maceió. Esses eventos, que juntos custaram mais de R$ 50 milhões aos cofres públicos, foram marcados não só pelo alto investimento em atrações artísticas, mas também por uma parceria polêmica com a Vai de Bet, empresa agora no centro de investigações por fraudes que ultrapassam os R$ 2 bilhões.

Sem contrato formal ou concorrência pública aparente, a Vai de Bet se destacou como a principal patrocinadora desses eventos. A falta de transparência da gestão JHC em relação aos acordos com a empresa gera questionamentos, especialmente quando se considera o envolvimento da Vai de Bet em atividades suspeitas. Em meio às investigações, a Justiça determinou o sequestro de bens valiosos da empresa, incluindo carros de luxo, imóveis e até aeronaves, além de bloquear ativos financeiros que somam mais de R$ 2,1 bilhões.

A controversa parceria ficou ainda mais evidente durante o show do cantor Gusttavo Lima no São João Massayó, no dia 24 de junho, no bairro de Jaraguá. Lima, que recebeu o maior cachê da história do setor público de Alagoas — R$ 1,2 milhão por apenas duas horas de apresentação — transformou o palco em um verdadeiro "cassino" ao promover a roleta da Vai de Bet, distribuindo prêmios ao público. O momento culminante foi a aparição do prefeito JHC ao lado do cantor, enquanto a propaganda da Vai de Bet era exibida em um telão gigante.

A ausência de documentos que comprovem os termos dessa parceria no Portal da Transparência de Maceió agrava a situação. Sem a publicação dos contratos e da prestação de contas do patrocínio, a administração municipal corre o risco de se ver envolvida em suspeitas tão graves quanto as que pairam sobre a Vai de Bet. A operação "Integration," deflagrada pelas polícias civis da Paraíba e de Pernambuco, coloca em evidência a necessidade de clareza e responsabilidade na gestão pública, algo que JHC parece estar negligenciando.

Enquanto a Vai de Bet é investigada por suas atividades fraudulentas, resta à Prefeitura de Maceió uma urgente obrigação de transparência, para dissipar qualquer sombra de dúvida sobre a legalidade e a ética dos acordos firmados com a empresa. A população merece saber como seus recursos estão sendo utilizados, principalmente quando estão em jogo valores tão altos e parcerias tão questionáveis.