Os Estados Unidos vêm testando caças F-16 pilotados por inteligência artificial (IA) capazes até de superar os humanos em certos aspectos.
A tecnologia já é utilizada pelos EUA desde setembro, temendo concorrência com a China. Em entrevista à Associated Press, Frank Kendall, secretário da Força Aérea dos EUA, detalhou como foram os testes.
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Kendall participou de um dos testes, em voo que durou uma hora, pois queria comprovar pessoalmente a eficácia da IA no controle dos caças F-16. "É um risco de segurança não o ter. Neste ponto, precisamos disso", disse à agência de notícias.
O voo foi acompanhado pela AP e pela NBC, mas mais detalhes sobre o teste não podem ser revelados por enquanto por questões de segurança operacional.
Mesmo que a China começasse os testes em breve (se realmente não estão fazendo isso atualmente), a AP considera difícil que alcançassem voos práticos rapidamente, ao menos, atingindo o nível de evolução dos EUA e dos testes em laboratório.
No teste, o Vista sobrevoou Kendall em manobras ultrarrápidas a mais de 880 km/h, colocando pressão com força cinco vezes maior que a da gravidade (que é de 9,8 m/s²) no corpo da aeronave.
Ela chegou a ficar próxima de outro caça – este pilotado por um humano –, cerca de 300 m de distância. Após uma hora de acrobacias, Kendall deixou a cabine satisfeito, afirmando que viu o bastante durante o voo para confiar na IA, que segue aprendendo.
A IA que está operando os F-16, primeiro, aprende milhões de pontos de dados em simulador e, depois, testa o que aprendeu e concluiu em voos reais. Os dados coletados nos voos para valer voltam para o simulador, no qual a IA os processa para aprender ainda mais.
Até que você realmente voe, "é tudo adivinhação", disse o piloto-chefe de testes, Bill Gray. "E. quanto mais tempo você leva para descobrir isso, mais tempo leva para você ter sistemas úteis."
Em cerca de 12 voos-teste, a IA já conseguiu vencer pilotos shumanos em alguns deles.
A vontade dos EUA de dominar a tecnologia é motivada não somente por questões de segurança nacional, mas gira, também, em torno de questões econômicas. Hoje em dia, a produção de caças F-35 sofre com atrasos que podem, ocasionalmente, causar prejuízos que rondam os US$ 1,7 trilhões (R$ 8,67 trilhões, na conversão direta).
Por sua vez, os caças operados por IA e sem nenhum piloto humano no controle podem ser, consequentemente, mais compactos e baratos para fabricação. Ainda, podem voar sem risco de perda de pilotos, principalmente da vida deles. Kendall considera que este é o futuro da aviação de combate.
Contudo, existem grupos humanitários que estão preocupados com as consequências do uso de aeronaves tripuladas pela IA. O principal receio delas relaciona-se com a maneira como a tecnologia poderá atacar alvos e diferenciá-los entre alvos militares e civis inocentes.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, por exemplo, considera que as armas autônomas "são causa imediata de preocupação e exigem resposta política internacional urgente". Além disso, a instituição aponta que "existem preocupações generalizadas e sérias sobre a cedência de decisões de vida ou morte a sensores e software".
Por sua vez, Kendall procurou acalmar os ânimos, afirmando que as aeronaves de combate pilotadas por IA serão sempre supervisionadas por humanos quando precisarem acionar suas armas acopladas.
Fonte: Olhardigital