O culto a beleza vem de um contexto histórico que sempre ditou como devemos nos vestir e como a moda refletiria a forma de ver o mundo e de se sentir. A busca incansável pela imagem esquálida, que assume cada vez mais contornos menores e como o patriarcado quer que sejamos, traz consigo prejuízos emocionais e físicos que se perpetuam através de uma obsessão desenfreada pela que é desejável e aceito para alguém, outro ponto polemizado é a questão da pornografia e o fato dela ser uma porta de acesso para uma sexualidade que oprime, mutila e sacrifica as mulheres.
Inseguras, exaustas e por vezes beirando a insustentável leveza de ser desde que somos (que fomos) concebidas e por fim vindas ao mundo por uma de nós, mulher. Como podemos ser, quando aparentemente lidamos o tempo todo com o culto ao belo disfuncional. Isso mesmo que você leu.Como podemos falar sobre liberdade se somos prisioneiras de uma ideia perfeita de corpo. Falar sobre corpo feminino é entender que existe um capital por trás de toda cirurgia plástica, preenchimento, botox, moderadores de apetite, remédios de emagrecimento, ansiolíticos e tinturas de cabelos. O padrão de corpo divino define tudo o que nós mulheres consumimos.
Estudar, falar e compreender o feminismo me fez entender que a cada luta e direito que alcançamos, algo novo surge com o intuito de nos fazer voltar para a casinha. Anorexia, bulimia e dismorfia da imagem são alguns transtornos enfrentado por nós mulheres, devido aquele ciclo compulsório e descontrolável vivido por muitas para se atingir a precisão.
Corpo é definido como estrutura viva de um organismo vivo, no entanto, nosso corpo foi e vem sendo usado para submissão. Judith Butler em seu livro sobre Problemas de gênero, decorre sobre o não reconhecimento de um corpo que é diferente daquele para o qual a cultura enaltece, gerando assim uma desvalorização desse, recentemente foi publicado um artigo sobre a não combinação "profissional" de médicas e fotos de biquíni, corpos femininos sendo invalidados de exercerem seu direito à independência, o estudo foi publicado no Journal Of Vascular Surgey, dando origem a uma manifestação de extrema importância na luta contra o domínio do homem sobre o corpo feminino.
Tal artigo gera espanto e revolta, mas, o principal nos alerta a forma como as obsessões tem a capacidade de internalizar batalhar internas seríssima, esse nada mais é do que o espelho daquilo que nos enquadraram durante anos, só somos competentes, belas e úteis até o momento que estamos no modelo exigido pela sociedade, seja pela nossa profissão ou pelo nosso relacionamento.
Basta! Nossos corpos nos pertencem! E cada uma tem o direito de escolher a aparência, o vestimento, a foto, a profissão que quer ter e a mulher que deseja ser.