MULHER SELVAGEM - Por Gabriela Pachioni

"A Mulher Selvagem é a saúde para todas as mulheres. Sem ela, a psicologia feminina não faz sentido. Essa mulher não domesticada é o protótipo de mulher... não importa a cultura, a época, a política, ela é sempre a mesma. Seus ciclos mudam, suas representações simbólicas mudam, mas na sua essência ela não muda. Ela é o que é; e é um ser inteiro." Nesse trecho retirado do livro, Mulheres que correm com os lobos, percebemos a semelhança libertadora que é correr livremente, sendo inteira.

Jacques Lacan em seus estudos sobre a psicanálise trouxe uma frase extremamente polêmica no contexto do que é ser mulher. "A mulher não existe", podemos perceber que o A utilizado na conjunção para falar sobre essa preciosidade que é o indivíduo feminino, é um A maiúsculo, que nos leva a abarcar o enquadramento, sendo esse um grande constructo que engloba as variabilidades e particularidades do que seria esse sujeito mulheril.

Hoje, trago um tipo de mulher discutida no livro, citado acima, título chamativo, que se utiliza de uma metáfora empoderada, livre e acolhedora para se abrir uma conversa sobre o feminino.

No primeiro capítulo do livro, Clarissa Pinkola Estés, nos traz um questionamento sobre a perda da conexão com a loba interior. Essa intuição gritante que chamamos de sexto sentido, é aquele uivo que toda mulher tem de mais selvagem dentro de si, por vezes, calamos nos uivos para se encaixar naquilo que a sociedade espera de nós.

Ao longo do tempo, a mulher selvagem vai sendo construída e entendida dentro de cada uma, por experiências e aprendizados únicos,e é pensando nisso, que trazer a frase de Lacan para a reflexão é entender que não existe uma nascente única, mas sim, uma variedade de muitas mulheres, sendo, necessário que cada uma seja autora de sua própria narrativa.

La loba, está dentro de nós. Precisamos permitir a conciliação com nossos instintos suprimidos por vários discursos que nos enquadra e limita. A Mulher selvagem só é o que é. Mulher, ressuscite, corra com sua loba interior, reconecte com o fundo da sua alma, mostre suas garras. Sejam o sopro e desperte tudo aquilo que está encoberto. Rosne sua liberdade, sua raiva, sua criação; você é instintiva.